domingo, 4 de janeiro de 2015

SAFO E SUAS GAROTINHAS



               Existe grande curiosidade sobre a vida da poetisa Safo. O que se sabe é que nasceu na ilha de Lesbos por volta do ano 612 a.Cristo, num lugar chamado Freso; Com apenas 55 anos, morreu tragicamente. 
               Platão a definiu como  a décima Musa; Sócrates a chamou de " a bela"; Sólon, que também era homossexual, aconselhou que fossem recolhidos em livros os seus versos eróticos  e as dedicações de amor às Eteras, prostitutas de categoria. Costumava acordar essas mulheres (prostitutas) nas horas mais estranhas para levá-las à sua cama. 
                Calcula-se que tenha produzido cerca de 12 mil versos belíssimos, enlouquecidos e cheios  de libido. A maior parte de sua produção foi queimada pela primeira Cruzada cristã. Na necrópole  heleno - egípcia de Ossirinco, foram encontrados alguns sonetos lésbicos, sempre em louvor da mulher,  gravados em sarcófagos. 
                Não se pode mais negar que ela foi a primeira mulher capaz de anunciar tanto ao homem de pequena mentalidade quanto ao mais inteligente: " Eu amo as mulheres e elas me amam". 
                A maior poetisa de todos os tempos era possuidora de um caráter mórbido e melodramático, com personalidade inquieta, entre o sonho e o erotismo, cuja verdadeira natureza tinha como base a perversão, mas continua sendo um grande mistério.
                Safo exitou, adorou e depravou centenas de garotas, tendo sido banida por seus contemporâneos cujas mentes eram retrógradas. 
                Uma das suas maravilhas poéticas, dedicadas às suas amantes, que chegou até nós completa foi a última, cujo título é "Ode  ao amor" que está no seu primeiro livro.
                As mulheres de nossos dias que possuem os mesmos gostos na paixão pelas suas iguais, pouco sabem a seu respeito; comentam por terem ouvido falar. As verdadeiras herdeiras de Safo são as intelectuais que sabem o essencial  e em seu nome revivem entre elas o mesmo sentimento de amor. 
                O orgasmo sáfico é muito mais que cerebral; é muito intenso e chega se transformar em fúria de apaixonante e dedicação física a outra mulher, seja passiva ou ativa. 
                É bem verdade que Safo tinha fortes inclinações viris em relação ao "sexo frágil"; muitos chegam a compará-la com um verdadeiro homem, afirmação com a qual não concordo. Na verdade Safo era uma ser perfeito, insaciável e tão mulher que todas sucumbiam aos seus encantos. Teve uma adolescência  difícil em Mitilene juntos dos três irmãos; foi marcada na infância por sua inveja dos atributos genitais de seus irmãos; mas a história é obscura em descrevê-la. O que sabemos é que era graciosa e possuidora de um belíssimo corpo; dizem que era baixinha e tinha pela escura com muitos pelos, que indicam uma forte predominância de hormônios masculinos. Seus irmãos a invejavam pela facilidade com que seduzia suas amiguinhas. Também sua mãe a invejava, principalmente por sua habilidade no manejo do arco e flecha durante as caçadas que fazia. Ela, no entanto, queria ser mais masculina; numa de suas poéticas inspirações diz: "A natureza não foi madrinha, me recusou o esplendor do rosto, compensarei com minha genialidade satânica e com noites atrozes, onde os cegos enxergarão com a potência dos meus sentidos..."
                 Num ponto todos concordam; tinha um fascínio encantador e com seu olhar aveludado seduzia meninas impúberes e mulheres maduras, que caíam em voluptuosidade entre seus braços másculos e talvez peludos. Apesar disso, Safo encantava alguns homens, que naturalmente eram repudiados. Do ponto de visto psicológico poder-se-ia dizer que tratava-se de uma curiosidade ou fantasia masculina, mas, em prazeres sexuais e sedução, tudo é possível. 
                O grande Horácio, filósofo e poeta satírico romano, era um entusiasta e assim se manifestou sobre a poetisa: " A masculina com cérebro dos filósofos atenienses e mais testículos que uma falange de guerreiros espartanos". 
                 Em relação á política, como todo o bom pensador, Safo teve implicações na conspiração dos nobres contra o governo democrático e acabou sendo exilada por infâmia. Sem escolha, mudou-se para Siracusa, casando-se com um ricaço, mas mesmo assim dizia continuar virgem, pura e intocada pelo membro masculino. Da virilidade de seu possível marido pouco o nada se sabe; em seus versos à respeito ela diz: "E virgem permanecerei sempre, mas se algum dia acontecer de encontrar uma menina... Na ocasião a possuirei com ardor e também em mim mesma usarei um objeto com ponta e afiado..."
                 Em seus versos encontramos despeito e ira pela rejeição que lhe fez uma jovem loira, causando-lhe ciúmes e chegando mesmo a esganá-la.  Uma outra jovem loira etérea traiu-a entregando-se aos prazeres com um militar; seu ciúme e despeito ficou registrado em alguns versos: " Attide, não lembras o luar banhando teu despido corpo? E minha língua rósea que levemente escorregava no teu escuro orifício?  De ti me persiste a memória e em ti não existe lembrança! Lembrai dos meus braços que tantas vezes te transportaram ao êxtase?"
 "Ó Amor, quem é o homem que senta à tua frente? 
Ah, me sinto enlevada pela macho que está 
a teu lado porque já me falta a vós, e sinto a
língua partida. Debaixo da pele, um fogo  implacável circula. 
Os meus olhos não enxergam mais... Te desejo,
ainda te quero, te arrancarei dele... O suor me 
inunda, os meus braços de macho te sacodem e te 
apertam. Oh, se eu tivesse músculos para desmembrar-te
para sempre! Devo resignar-me por não possuir 
aquelas três coisas do macho? Nunca! Voltarás para mim
e "ali" te abrirei, enlouquecerás e esquecerás".
                Mas a infiel loira Attide parecia adorar o membro viril do tal militar  grego e respondeu com desprezo e cinismo, provocando lágrimas sentidas e acusações diversas. 
"Permaneces imóvel e do lado de lá nada conheces. 
Eu, sinto nos meus braços mudos o tormento do 
verão nas primeiras chuvas, o medo do teu frio seio e 
da tua flor no alto. Meu rosto reclamará de ti suor e lágrimas. 
Mas, pobre de mim, serei como meus dedos, vazios, áridos.
Chama, ó amada, a vida repetida, de quem por Ti
a paixão prosta..."
                    Pelas suas expressões poéticas conclui-se que suas queridinhas amigas não lhe deram exclusivamente profundos orgasmos e prazeres estéticos; muitas vezes traída pelas que ela chamava de mulherzinhas ( por puro sadismo e propositalmente diante de seus olhos)  faziam sexo com marinheiros e nobres. Nesses momentos Safo afiava sua pena e descrevia versos de contestação:
"Quem é aquela mulher que não espalha nem odor de óleos perfumados, 
depois que minha língua doou-lhe um extremo gozo, 
que escorrega como saliva na cavidade bucal? 
Quem é este pobre ser que de mim não se excita? 
O que acredita possuir com dois pedaços de macho incapaz?"

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