domingo, 24 de março de 2013

SAFO - A MAIOR POETISA DE TODOS OS TEMPOS




                Apenas dois séculos foram suficiente para tornar obscuros a maioria dos acontecimentos da real vida de Shakespeare. Entretanto, mesmo passados 26 séculos, ainda temos muitos dados autênticos sobre a vida e a obra de Safo, a poetisa de Lesbos.
                Safo, a única grande poetisa que o mundo já viu, se chamava Psafa no seu dialeto eólio. Diz-se que  já no ano 610 a.C., sua fama já havia chegado ao zenith.  Foi durante sua vida, por volta do ano 628 a.C., que Jeremias começou profetizar. Também Daniel foi levado para a Babilônia no ano 606 a.C. Diz-se também que Prisco, o quinto rei, reinava em Roma; segundo o legislador  Solon em Atenas, foi em 587 a.C. que Nabucodonosor cercou e tomou Jerusalém. Estas datas nos fazem refletir sobre um tempo em que as comunicações e também os arquivamentos eram muito precários. 
               Safo (Psafa) viveu antes do nascimento de Gautama, fundador do budismo. As poesias dela nos chegaram muito fragmentadas, mas mesmo assim, graças a citações de gramáticos e lexicógrafos, suas belas frases sobreviveram até os nossos dias. Sabe-se, contudo, que muitas de suas obras se conservaram intactas até pelo menos ao terceiro século de nossa era. Isto porque Atheneu, que nessa época escrevia, aplicara a si próprio as palavras do poeta cômico ateniense  Epícrates, na sua Anti-lais (cerca de 360 a.C.), dizendo que ele também tinha aprendido completamente  todas as canções respirando amor, que a suavíssima Safo cantara.  
               Segundo   Scaliger, líder religioso e erudito francês, conquanto não pareça existir qualquer evidência confirmativa, as obras de Safo e de outros poetas líricos foram queimadas em Constantinopla e em Roma no ano 1073, no papado de Gregório VII. Cardano diz que esta queima  cerca do ano 380 de nossa era, sob Gregório Nazianzeno. Já Pedro Alcidrio diz ter ouvido, ainda quando muito novo, que muitas das obras dos poetas gregos foram queimadas por ordem dos imperadores bizantinos e circulados em seu lugar os poemas de Gregório Nazianzeno, patriarca de Constantinopla, teólogo e escritor. Teria sido uma fraude que ainda não foi comprovada. O Bispo Bloenfield sempre imaginou que deveriam ter sido destruídas bem cedo, porque nem Alceo nem Safo foram anotados por qualquer dos gramáticos ulteriores. Como disse o poeta Meleager, "poucos foram os preciosos versos que escaparam ao zelo do anti-paganismo. 
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ODE  A  VÉNUS 
Filha de jove, que tens altares
Em cem lugares, Diva fallaz:
Ah! poupa mágoas a quem te adora
A quem implora favor e paz. 
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Tu já autr'ora piedosa ouviste
O brabo triste da minha voz: 
E da paterna mansão celeste
A mim vieste pronta e veloz. 
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Ao níveo carro jungido  tinhas
Das avezinhas o meigo par. 
Ele voando pelo ar sereno
Em prado ameno veio pousar. 
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E tu, sorrindo, de mim diante
Meigo o semblante falaste assim: 
"Safo, eu te vejo tão consternada
Porque magoada chamas por mim? "
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"Paixão te oprime? Gemes, suspiras. 
"Dize, a que aspiras com tanto ardor?
"Alguém, ingrato, se te não rende? 
"Ah! quem te ofende com tal rigor? 
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"Há de rogar-te, se te ora enjeita
"Teus dons rejeita? Dons te dará: 
"Desquer-te amado? Por ti já esquiva
"Em chama ativa se abrasará."
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Também agora, deusa benigna
A mim te digna dar proteção:
Auxiliadora neste conflito
Vale ao aflito meu coração.  

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              Nas poesias de Safo está tudo tão ritmicamente em ordem pela arte suprema da serenidade, da grandeza, da expressão, do abandono e da paixão. 
             Os jovens de hoje, que possuem os mesmos gostos apaixonados, comentam sua história por ter ouvido falar. As verdadeiras herdeiras de Safo são as intelectuais que conhecem o essencial de sua vida e seu modo de amar. 
             O orgasmo sáfico é muito mais que cerebral: é uma apaixonante dedicação física a outra mulher, seja ela ativa ou passiva.
            Os preconceitos de hoje, que tanto sofrimento trazem  para os amantes iguais, não eram conhecidos naquele tempo. As religiões tem sido muito competentes em manter estes absurdos ao longo dos séculos. 

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